quinta-feira, 22 de maio de 2014

Blue Jasmine - Filme

 
Olá, gente, já faz algum tempo que vi este filme e escrevi o texto abaixo, o qual estava pensando em melhorar, para então publicar, juntamente com uma receita. Mas vi que não terei tempo de fazer isso, então resolvi publicá-lo assim mesmo. E sem receita, rsrs.


Blue Jasmine  - (Atenção, spoiler, texto com revelações sobre este filme!)

Vi o filme Blue Jasmine, do Woody Allen. E gostei! Ele conta a estória de Jasmine - vivida por Cate Blanchett - uma socialite que de repente perde todos os bens e também o marido, que morre. Antes dessas desgraças, ela fazia parte da alta sociedade de Nova York. Com o marido Hal (interpretado por Alec Baldwin), Jasmine morava em Park Avenue, avenida sofisticada de Manhattan. O casal tinha casa de campo e desfrutava de muitos luxos. Mas, Hal, sem que Jasmine soubesse, era um desses empresários trambiqueiros. Quando ele é denunciado e enviado para a prisão, comete o suicídio. Na penúria, Jasmine se vê obrigada a ir viver na casa da irmã pobre, em São Francisco. Lá ela terá de lutar para  reinventar-se, pois a irmã, divorciada e mãe de duas crianças, tem de ralar em emprego humilde, para sustentar a família. 
Jasmine também terá de haver-se com as cobranças e acusações de  Augie, o ex-marido da irmã que, no passado, deu uma pequena fortuna (que ele ganhou na loteria e pretendia usar para iniciar um negócio) para que Hal investisse para ele. Mas Hal deu sumiço no dinheiro. Ginger, a irmã de Jasmine, é uma boa pessoa e a acolhe de boa vontade. Mas no passado pode ter havido divergenciazinhas entre as duas. Elas não são consanguíneas, foram ambas adotadas pelos pais. E parece que estes preferiam a loura e ambiciosa Jasmine, à outra, morena e não tão "brilhante". 
Outro golpe sofrido por Jasmine, pouco antes da derrocada fatal, foi a descoberta de que seu marido muito provavelmente ia deixá-la. Ela não desconhecia totalmente as ‘escapadas’ de Hal, que ao longo dos anos teve inúmeros casos extra conjugais. Mas, pouco antes de morrer, ele havia confessado que estava seriamente apaixonado por outra mulher. Com a prisão do marido, Jasmine sofreu também o dissabor de ver o enteado - filho de Hal - abandonar o lar. Ela até tentou dissuadir o jovem de tal decisão, mas dizendo-se farto de tudo e envergonhado, ele se foi, aos safanões. 

Na casa da irmã, Jasmine decide trabalhar como decoradora, mas sendo lembrada de que precisaria adquirir o embasamento teórico, exigido pela profissão, inscreve-se num curso on line, a fim de obtê-lo. Todavia, logo ela percebe que não sabe usar o computador, e então ingressa num curso noturno de informática. Parêntese: achei isso incrível, pois a minha filha Bellita - como milhões de crianças, mundo afora, aliás - aprendeu a usar o computador sozinha, quando tinha três anos, rsrs.  Mas, voltando à Jasmine, simultaneamente aos cursos, ela começa a trabalhar como secretária/assistente de um dentista. O dentista, porém, passa a assediá-la sexualmente; e de modo impertinente e exasperante, o que a obriga a deixar o emprego.

No curso de informática Jasmine tem uma colega que a convida para uma festa, na qual ela é apresentada a um diplomata, viúvo e rico. Os dois iniciam um romance. O diplomata, que tem aspirações políticas, decide ficar noivo de Jasmine, por acreditar que ela, sendo refinada e bonita, daria uma esposa apropriada para ele. Quando o casal fala sobre os respectivos passados, Jasmine mente, ao afirmar que não teve filhos e que o seu falecido marido fora um cirurgião, que morreu de ataque cardíaco. 




Justamente na ocasião em que Jasmine e o diplomata estão na rua, prestes a comprar o anel de noivado, o casal depara com Augie. Este diz - entre outras coisas - que o enteado dela vive e trabalha ali perto. O diplomata percebe, imediatamente, que Jasmine mentiu para ele. O casal briga e, momentos depois, termina o relacionamento. Jasmine então decide visitar o enteado, a quem não via desde que ele abandonou o lar. O rapaz não mostra nenhum prazer em vê-la; e acaba dando a entender que sabe que foi ela quem denunciou o pai dele ao FBI, fato que levou o homem ao suicídio. Em flashback a gente vê que Jasmine fez isso, na ocasião em que Hal anunciou que ia deixá-la, para ficar com a última e jovem conquista. A combinação de todas essas tribulações leva Jasmine a ficar histérica e meio doida, a ponto de passar a falar sozinha na rua.


Achei este filme muito bom e que Cate Blanchett fez por merecer o Oscar de melhor atriz, que ganhou meses atrás. Ela realmente encarnou a mulher trágica, desesperada por ter sido lançada ao chão, do topo da pirâmide social; uma mulher arrasada também pela culpa, de saber-se a causadora indireta do suicídio do marido. 

Blue Jasmine destoa um pouco das comédias dramáticas de Woody Allen. É impossível assisti-lo sem sentir o incômodo moral que perturba a personagem, do qual ela sequer tem consciência. A gente chega a simpatizar com Jasmine e a torcer pelo triunfo dela. Mas, a mínima reflexão nos convence de que ela não merece perdão. Já na infância, Jasmine revela mesquinharia, ao estabelecer com a irmã um relacionamento em que se coloca como superior. Quando, já adulta, tem oportunidade de fazer algo pela mana pobre, na condição de esposa de homem rico, acaba por fazer o contrário, ao propiciar  que o marido se aposse da pequena fortuna do cunhado. 
E isso depois de ouvir o pobre homem falar sobre a tremenda surpresa que foi para ele o tirar o prêmio da loteria. E também da expectativa de que o dinheiro trouxesse a libertação econômica da família, através do negócio que ele pretendia abrir. É evidente que o ato de Hal contribuiu também para o fim do casamento da irmã de Jasmine. Mas esta jamais poderia assumir tal coisa, porque não pode ter consciência disso. No mundo de Jasmine só existe o luxo e as futilidades. E ela tanto se apegou a ambos que, ao sentir a ameaça da perda, não hesitou em entregar o próprio marido às autoridades. E depois de tudo, mesmo sem tostão, viaja na primeira classe, com suas malas Louis Vuitton. 

E, uma vez na casa da irmã, ainda tem o topete de fazer comentários desfavoráveis sobre os homens da vida daquela (ex-marido e namorado). E Jasmine diz à Ginger que certos trabalhos são aviltantes, sem dar-se conta de que do mesmo gênero é o trabalho da irmã. Também com o enteado, Jasmine parece ter falhado pois, no último encontro, o rapaz diz que está tentando superar os males do passado, entre os quais o vício em drogas.

A estória desse filme oferece muitos pontos para reflexão. O mais evidente deles é - na minha opinião, que a vida dos personagens pobres tem mais significado e - talvez - até mais dignidade do que a dos ricos. Outra questão apresentada é a das consequências das escolhas humanas. Jasmine - conscientemente ou não - escolheu valores vazios, fez-se cega para tudo que não fosse luxo e conforto. E até o último momento, tentou torcer os fatos a seu próprio favor. Tudo isso só podia mesmo engendrar sofrimento e dor.




13 comentários:

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Marly,
Achei incrível o "resumo" que você fez do livro. Resumo completo.
Quantas vezes você viu o filme?
Eu também gostei bastante, e achei a Cate Blanchet fantástica. Mas seria incapaz de contar a história com tantos detalhes.
Beijos.

Pedrita disse...

quero muito ver esse filme. beijos, pedrita

Coisas de Tássia disse...

Sabe, estou a dias querendo ver este filme, mas nunca dá, agora fiquei com mais vontade ainda, vou aproveitar que aqui no Sul está um frio danado e vou locar para assistir com uma cobertinha este final de semana.

Bjos

Unknown disse...

Faz muito tempo que eu não assisto um filme! Gostei!

Andréa Santana disse...

Marly,
pelo relato deve ser um filme emocionante, gostoso de ver.
Obrigada pela dica maravilhosa!

Bjs, ótimo fds junto a sua família!

Prata da casa disse...

Olá Marly: gosto muito de Woody Allen e ainda não tive oportunidade de ver este filme,mas ,pela sua descrição, parece fabuloso. Oxalá consiga vê-lo o mais rápido possível.
Bjn
Márcia

Liliane de Paula disse...

Não vi esse filme, ainda. Mas gosto muito, muito mesmo, de Woody Allen.
Cate Blanchet é uma feia-bonita.

Zizi Santos disse...

Marly
seu texto estava maravilhoso, fez bem em postar da forma como escreveu. Li num instante.
Não assisti a esse filme, gostaria de ter visto, foi muito bem divulgado .
Assisto filmes de Wood Allen , mas não aprecio muito. Ele traz o feminino , a meu ver, de uma forma um pouco cruel. As protagonistas sofre, sofrem.
Nesse filme, vejo que o papel que a Cate interpreta é orgulhosa, não se preparou para um futuro imprevisto financeiro e além de tudo se odeia. Sim, pois quem maltrata as pessoas ao redor, só pode não se amar.
Ela teve um triste fim? ou se redimiu e teve o final de uma heroína? ( o que ela não apresenta ser!)
Marli, obrigada por ter trazido essa resenha , deu vontade de assistir!!
bj
Zizi
tenha uma ótima semana

Luma Rosa disse...

Oi, Marly!
Estou com esse filme gravado para assistir e não ligo para as revelações. Na maioria das vezes, assistimos um filme já sabendo de antemão o que irá acontecer, com tanto material de divulgação circulando.
Um dia da caça, outro do caçador... A irmã pobre sempre é a que ajuda e mesmo assim é achincalhada! :D
Boa semana!!
Beijus,

ONG ALERTA disse...

Excelente resumo, obrigada por compartilhar, beijo Lisette.

Paulo Italo disse...

Oi, Marly! Tudo bem?!

Não estou "sumido", só quase não comento. rs

Sempre que vejo vc comentando sobre filmes é meio inevitável não lembrar de A Festa de Babette.

Provavelmente vc já assistiu, certo?!

Abrç!

Marly disse...

Oi, Paulo Italo,

Já assisti à festa de Babette e tenciono assisti-lo de novo, para poder falar sobre ele no blog. Esse filme me marcou muito, mas quero refrescar a memória sobre os detalhes da estória, rsrs.

Beijoca

Pedrita disse...

foto lindíssima que escolheu. eu não sei se é a diferença entre ricos e pobres, mas essa questão da irmã ser mais solidária que a outra, mesmo tendo menos condições é realmente muito evidente. a outra no seu pedestal é incapaz de visualizar as dificuldades da irmã. e apesar de toda a vida difícil da irmã, ela é muito mais feliz que a outra que de uma certa forma teve tudo. e que mesmo perdendo não consegue olhar nada além de si mesma. acho que às vezes a vida simples da irmã a incomoda mais pq ela parece achar insuportável ter algum parente pobre do que propriamente se preocupe com a irmã. e concordo, ela entra no seu mundo interior. fala com ela mesma, pq lá ela pode viver uma realidade que não tem nada a ver com os fracassos que gerou.

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