terça-feira, 23 de junho de 2015

Biscoitos bicolores e Dois livros sobre o Aleph






Olá, gente! faz tempo que venho adaptando receitas de biscoitos bicolores, do tipo que produz os biscoitos espiralados, como os da foto, e outros, porque as receitas que nos têm sido apresentadas não costumam dar certo, com os nossos produtos. As tais massas, geralmente de origem gringa, resultam moles demais, impossível de serem trabalhadas, apesar do tempo de refrigeração que elas exigem. No caso desta, não foi diferente, apesar de a receita ter sido apanhada na edição antiga do "Grande Livro de Receitas de Cláudia" (dos anos 70) . Só em bater os olhos nos ingredientes, eu percebi que a massa não resultaria, por isso fiz logo algumas adaptações na receita. Mesmo assim, a massa resultante é delicada, e deve ser manipulada com cuidado. Mas os biscoitos ficam bonitos e gostosos, por isso vale a pena fazê-los.

Na segunda parte deste post eu falo de dois livros que li recentemente, e que tratam de um assunto muito do meu interesse, que é, por assim dizer, o transcendentalismo. Ambos os livros, escritos por homens esclarecidos e até geniais, como é o caso de Jorge Luís Borges, abordam este assunto.


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Biscoitos bicolores

Ingredientes

500 gramas de farinha de trigo
250 gramas de açúcar
250 gramas de manteiga
1 ovo pequeno 
½ colher de chá de essência de baunilha
1 colher de sopa de rum (opcional)
½ colher de chá de fermento em pó
3 colheres de sopa de chocolate em pó (coloquei 1 colher de cacau e duas de chocolate)

Preparo


Bata a manteiga com o açúcar até que fique fofa. Junte a essência e o rum (se for usá-lo) batendo sempre. Acrescente o ovo, ainda batendo. Em separado, misture o fermento com a farinha e junte-os à mistura de manteiga, batendo tudo rapidamente. Sobre uma mesa levemente enfarinhada, divida a massa em duas partes iguais. Acrescente o chocolate em pó a uma das partes.  Achate as duas massas, em separado, ponha-as em sacos plásticos, separadamente, e leve-as ao refrigerador por no mínimo 1 hora. Com um pedaço de plástico em baixo e outro por cima da massa, abra cada uma separadamente, em retângulos do mesmo tamanho. Ponha uma das massas sobre a outra e enrole-as como rocambole. Corte a massa em fatias e ponha as fatias numa forma untada e enfarinhada. Leve a forma ao forno preaquecido  (180º C) por cerca de 10 minutos. Tire os biscoitos da assadeira e deixe que esfriem sobre uma gradinha.

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Os livros



O Mistério do Alef e O aleph 


Li, não faz muito tempo, os dois livros acima: O Mistério do Alef, de Amir D. Aczel, e O Aleph, do escritor argentino Jorge Luís Borges.

Álef ou Aleph é a primeira letra do alfabeto hebraico (e do de outros povos), que corresponde à nossa letra A. No hebraico, porém, as letras não são apenas letras, mas também sinais ligados aos mistérios do mundo espiritual. E é por isso que elas são chamadas de 'blocos de construção da Criação'. 




No O Mistério do Alef, Amir D. Aczel relata a vida e o trabalho do matemático alemão Georg Cantor, o homem que iniciou o estudo moderno sobre a teoria dos conjuntos (lembram que na escola a gente aprende sobre os conjuntos dos números inteiros, racionais, etc.? pois é). Ocorre que em 1870, Cantor concebeu uma equação para explicar a - digamos - natureza do infinito e usou a letra Aleph, para nomear a tal equação. Esta equação, para além da matemática, teria a possibilidade de explicar os mistérios mais profundos da existência. É interessante notar que a Teoria do Infinito de Cantor é cheia de paradoxos (contradições), que vão totalmente contra o entedimento intuitivo que a gente costuma ter sobre o assunto, rsrs. Mas isso é comum nas ciências. 

Todavia, aconteceu de Cantor cair em depressão, a cada tentativa de aprofundamento de seus estudos sobre o infinito. E a coisa era sempre tão séria, que ele foi internado, várias vezes, em clínica psiquiatríca, onde acabou morrendo. Amir D. Aczel, autor do livro, que é professor na Brandeis University, em Massachusetts, EUA, acha que o estudo de Georg Cantor alcançou um ponto de conhecimento proibido, razão pela qual ele teria sido 'impedido' de dar prosseguimento ao seu trabalho. Outra coisa curiosa é que Georg Cantor não foi o único matemático a enlouquecer, na tentativa de esclarecer estes mistérios, um tal de Kurt Gödel teve o mesmo destino!
A teoria de Georg Cantor não se tornou famosa apenas em razão de suas inúmeras contradições, mas também por ser profundamente filosófica. Achei o ponto de vista do autor muito interessante!




O livro acima, de Jorge Luís Borges, contém 17 contos, sendo O Aleph o último deles. Nesta estória o narrador diz que, por ter morrido uma mulher que ele amou, ele deverá ir à casa da família dela, prestar os seus respeitos. Ele então visita a família, no dia em que a mulher aniversariava (poucos dias depois da morte dela) e na casa encontra o primo da falecida, sendo este um escritor medíocre, mas que se acha talentoso, chamado Carlos Argentino Daneri.
A partir desta visita, o narrador passa a visitar a família da morta anualmente, no dia que seria o dos anos da mulher. E lá ele sempre encontra Daneri, o tal primo, que passa a fazer-lhe confidências. Carlos Argentino Daneri diz que está trabalhando num poema (enorme), chamado “A Terra”, no qual descreve, com todos os detalhes, todos os locais do planeta. Claro que o narrador acha o poema estapafúrdio.
No entanto, os dois homens estabelecem certa relação, a despeito de o narrador, no fundo, não gostar de Daneri. Lá pelas tantas, Carlos Argentino Daneri telefona ao narrador, mostrando-se muito agitado, porque ficara sabendo que a casa em que mora será demolida. O narrador vai encontrar-se com Daneri, na casa deste, e Daneri diz que a casa é essencial para a conclusão do poema que está escrevendo, porque num canto do porão dela existe um Aleph. 
Um Aleph, explica Daneri, é um ponto do espaço que contém todos os demais. O narrador desce ao porão da casa (certo de que Daneri está doido) mas segue as instruções do homem, de “deitar-se no piso de lajota e fixar os olhos no décimo nono degrau da escada”,  a fim de ver o microcosmo, chamado Aleph, referido por alquimistas e cabalistas. 
E aí, depois de um momento de terror, em que o narrador chega a achar que Daneri o deixou ali, no escuro, para que morresse, o milagre acontece, ele enxerga uma pequena esfera furta-cor, de um fulgor quase intolerável, que, bem observada, mostra tudo o que existe, todos os pontos do universo, e todas as coisas existentes, de uma teia de aranha prateada, no centro de uma negra pirâmide, aos desertos equatoriais, e cada um dos seus grãos de areia. O narrador viu tudo, mas tudo mesmo que se possa imaginar. Mas finge que não viu nada. 

No pós escrito ele diz que Carlos Argentino Daneri conquistou o Segundo Prêmio nacional de Literatura, com o seu trabalho.


21 comentários:

Delícias da Vó Deo disse...

Olá Marly!!!
Esses biscoitinhos estão encantadores!!! E devem ter ficado deliciosos demais!!!
Eu gosto muito de revisitar os antigos livros e coleções culinárias!
Beijos e linda semana pra ti! =)

O meu pensamento viaja disse...

Marly, os livros não li, embora temnha sempre um entre mãos - neste momento A rapariga do comboio - mas os biscoitos bicolores esses são irresistíveis. Vou experimentar e comer, comer, comer ....
Beijinhos

Unknown disse...

Marly,
Esses seus biscoitos estão maravilhosos. De início achei que era um rocambole, do qual sou fã. De qualquer forma, são biscoitos "rocambolescos", muito tentadores.
os livros foram novidade para mim.
Beijos.

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Marly,
Novamente fiz um comentário com a identidade da minha filha.
Não reparei que sua página de e-mail estava aberta.
Beijos.

chica disse...

Lilya, esses biscoitos são uma perdição!Adoro! A foto ficou ótima e dá vontade deles!rs E os livros não conhecia! bjs, tudo de bom! chica

Prata da casa disse...

Olá Marly: estes biscoitos andam a "perseguir-me" há tempos!! Acho-os lindos!! Os teus ,claro, ficaram perfeitos!
Quanto aos livros, não os conheço,embora pareçam muito interessantes. Neste momento estou a (re)ler o livro "Maligna" de Joanne Harris, uma das minhas escritoras favoritas.
Bjn
Márcia

Lúcia Soares disse...

São lindos aos olhos e tenho certeza de que são deliciosos, Marly.
Sobre os livros, não os conhecia. Pensei que se tratasse de um, com o mesmo nome, de Paulo coelho, que tb não li. Interessantes os resumos, vou ler pelo menos um.
Beijos.

Andrea Patrícia disse...

Muito obrigada pela receita, eu a procuro há anos! Vi na minha infância numa frevista, recortei, guardei, mas perdi. Vou fazer!

Andrea Patrícia disse...

Muito obrigada pela receita, eu a procuro há anos! Vi na minha infância numa frevista, recortei, guardei, mas perdi. Vou fazer!

Pedrita disse...

eu gosto do borges, esse eu não sei se li. beijos, pedrita

Josy disse...

Bom dia Marlyca querida, que lindos seus biscoitos. E parecem tão fáceis de fazer. Ficaram lindos, perfeitos, como sempre. Os livros já tinha ouvido falar, porém, ainda não tive a oportunidade de lê-los. Parecem interessantes. Beijinhos

Adriana Balreira disse...

Marly,
amei esse biscoito bicolor! Já quero fazer ele logo! Lindo demais. E esses livros que leu só fiquei curiosa para ler o primeiro. Não sou fã de contos, e achei esse conto sobre o Aleph bem confuso.
Beijos
Adriana

Marijose disse...

Que delicia de bizcocho¡¡¡ me ha encantado, besos

Liliane de Paula disse...

Os biscoitos estão com ótimo aspecto.
Certamente comeria muitos e depois me arrependeria.

Os livros, não fazem meu estilo.

Arione Torres disse...

Oi amiga, que delícia de biscoitos!!!
Vim lhe desejar uma excelente semana, beijos e fique com Deus!!

Anônimo disse...

Marly, este biscoito bicolor está finíssimo! Parabéns! Bonitos mesmo! Beijos!

Arione Torres disse...

Oi querida amiga, vim lhe desejar uma excelente semana, beijos e fique com Deus!!

Daniela disse...

Esses biscoitos estão lindos!! dá até dó de comer!!rsrs
Vou salvar a receita aqui e ver se acerto fazer!!
boa semana!
Daniela

Unknown disse...

Olá Marly,
Que bom voltar a te visitar ja estava com saudades, é q estive ausente...
Vou tentar fazer esses biscoitos, sao muito lindos e parece saborosos...
Bela dica de livros deu vontade de ler...
Beijo da Edna

Jussara Silva disse...

Os biscoitos parecem deliciosos e estão com um aspecto lindo.
Os livros não conheço, mas ler é bom demais. Valeu a dica.
Bom final de semana Marly! Bjo.

Tulsi disse...

Oi!

Eu sou da Argentina e tenho uma pergunta estranha para você.

Estou fazendo uma caça ao tesouro com o tema Borges, e uma pista é uma palavra específica de uma página específica da edição específica de "O Aleph" que você tem. Devido ao COVID, não posso ir à biblioteca local para verificar. Pode me ajudar? Página 149, linha 29, primeira palavra.

Muito obrigado!

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