Olá, queridos leitores! depois dos longos dias que nos separaram desde a minha última postagem, senti-me tentada a voltar a este bloguito, aproveitando que um novo mês se inicia hoje. Pensei em lhes trazer a receita do último pão que fiz, que ficou fofo e gostoso, mas resolvi adiar a postagem dele e reapresentar aqui os métodos para a temperagem do chocolate. Já falei disso aqui no blog antes, mas hoje as pessoas nem mesmo usam mais a palavra 'temperagem" para designar o processo de derretimento e posterior solidificação do chocolate e sim "Pré cristalização do chocolate".
Bom, deixem-me explicar a coisa desde o início, para que tudo fique bem claro pra você.
Quem desejar trabalhar com o chocolate fazendo coisas como bombons, ovos de Páscoa ou qualquer outro produto que exija o derretimento do chocolate, precisa saber que se não fizer antes o processo da pré cristalização do chocolate não conseguirá que esses produtos resultem firmes, estáveis, brilhantes e crocantes (de modo a fazer aquele barulhinho característico ... "croc"... quando quebrado). Pelo contrário, produtos feitos com chocolate sem a correta pré cristalização, ou seja, simplesmente derretendo-se o chocolate e resfriando, para que ele endureça novamente, resultarão opacos, feios, pegajosos, etc.
E como se faz a pre pré cristalização do chocolate?
Você pode fazê-la de várias maneiras, neste post vou falar das duas maneiras mais comuns, que são: o processo de pré cristalização por adição e o processo de pré cristalização por tablagem;
Pré cristalização por Adição:
Rale o chocolate na parte "grossa" do ralador (você pode picá-lo, se preferir, mas quanto menor o chocolate for picado, tanto mais rápida e uniformemente ele derreterá, por isso eu prefiro ralá-lo, rsrs)
Ponha cerca de 80% do chocolate numa tigela (eu prefiro usar uma de vidro, que tanto pode ir ao microondas quanto ao banho-maria) e leve-o a derreter. Se você for 'temperar" 1 kg de chocolate, por exemplo, deve reservar 20% do chocolate picado (200 gramas) numa tigela separada, levando os outros 80% ao derretimento, como mencionei antes. O derretimento tem que ser feito numa temperatura em que o chocolate nunca passe dos 45ºC. Para conseguir isso você deve esquentar um pouco de água numa panela (em que a tigela do chocolate a ser derretido possa ser perfeitamente encaixada, pois o vapor não deve tocar no chocolate, pois isso o estragaria). A água aquecida não pode chegar à fervura, e o fundo da tigela não pode tocar na água quente. Tudo isso significa apenas que o chocolate tem que ser derretido em temperatura relativamente baixa, lentamente e gentilmente. Você o deixa um pouco sobre a água quente e depois vai mexendo a mistura, que irá derretendo pela ação do calor.
Se for fazer isso no microondas, derreta o chocolate a meia potência, ou até em potencia menor, em intervalos de tempo sempre de 30 segundos ou menores. Mexendo a mistura sempre que tirá-la do microondas, para verificar se o chocolate todo já derreteu.
Depois que o chocolate estiver derretido, você acrescenta a ele o chocolate picado, reservado, e mistura tudo. Só que nesta etapa você tem que observar a temperatura também, porque ela vai cair e os chocolates têm a temperatura de cristalização (em que eles começam a ficar sólidos e estão prontos para serem empregados) e elas são as seguintes:
Temperatura de cristalização
Chocolate branco 28º C
Chocolate ao leite 29º a 30º C
Chocolate meio amargo 31º C
Bom, deixem-me explicar a coisa desde o início, para que tudo fique bem claro pra você.
Quem desejar trabalhar com o chocolate fazendo coisas como bombons, ovos de Páscoa ou qualquer outro produto que exija o derretimento do chocolate, precisa saber que se não fizer antes o processo da pré cristalização do chocolate não conseguirá que esses produtos resultem firmes, estáveis, brilhantes e crocantes (de modo a fazer aquele barulhinho característico ... "croc"... quando quebrado). Pelo contrário, produtos feitos com chocolate sem a correta pré cristalização, ou seja, simplesmente derretendo-se o chocolate e resfriando, para que ele endureça novamente, resultarão opacos, feios, pegajosos, etc.
E como se faz a pre pré cristalização do chocolate?
Você pode fazê-la de várias maneiras, neste post vou falar das duas maneiras mais comuns, que são: o processo de pré cristalização por adição e o processo de pré cristalização por tablagem;
Pré cristalização por Adição:
Rale o chocolate na parte "grossa" do ralador (você pode picá-lo, se preferir, mas quanto menor o chocolate for picado, tanto mais rápida e uniformemente ele derreterá, por isso eu prefiro ralá-lo, rsrs)
Ponha cerca de 80% do chocolate numa tigela (eu prefiro usar uma de vidro, que tanto pode ir ao microondas quanto ao banho-maria) e leve-o a derreter. Se você for 'temperar" 1 kg de chocolate, por exemplo, deve reservar 20% do chocolate picado (200 gramas) numa tigela separada, levando os outros 80% ao derretimento, como mencionei antes. O derretimento tem que ser feito numa temperatura em que o chocolate nunca passe dos 45ºC. Para conseguir isso você deve esquentar um pouco de água numa panela (em que a tigela do chocolate a ser derretido possa ser perfeitamente encaixada, pois o vapor não deve tocar no chocolate, pois isso o estragaria). A água aquecida não pode chegar à fervura, e o fundo da tigela não pode tocar na água quente. Tudo isso significa apenas que o chocolate tem que ser derretido em temperatura relativamente baixa, lentamente e gentilmente. Você o deixa um pouco sobre a água quente e depois vai mexendo a mistura, que irá derretendo pela ação do calor.
Se for fazer isso no microondas, derreta o chocolate a meia potência, ou até em potencia menor, em intervalos de tempo sempre de 30 segundos ou menores. Mexendo a mistura sempre que tirá-la do microondas, para verificar se o chocolate todo já derreteu.
Depois que o chocolate estiver derretido, você acrescenta a ele o chocolate picado, reservado, e mistura tudo. Só que nesta etapa você tem que observar a temperatura também, porque ela vai cair e os chocolates têm a temperatura de cristalização (em que eles começam a ficar sólidos e estão prontos para serem empregados) e elas são as seguintes:
Temperatura de cristalização
Chocolate branco 28º C
Chocolate ao leite 29º a 30º C
Chocolate meio amargo 31º C
Pré cristalização por Tablagem:
Por este método você tem que derreter o chocolate todo (do modo e nas temperaturas em que foi ensinado antes) e despejar 2/3 do chocolate derretido numa superfície limpa, lisa e fria (como uma pedra de mármore) e movimentá-la (usando uma ou duas espátulas), de uma extremidade a outra da pedra, a fim de que esfrie, e então misturar a parte que foi movimentada com a reservada, observando a temperatura de cristalização do chocolate escolhido).
Depois disso é só empregar o chocolate nos fins desejados: formas para moldagem, banhar bombons, etc.
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Você pode fazer uma receita do bolo de chocolate 'Nega Maluca", que postei aqui.
E a mousse de limão facílima (já postada antes também) que eu faço assim:
Misturo 1/4 de xícara de sumo de limão Tahiti (você pode usar a quantidade aos seu gosto) + 1 lata de leite condensado + 1 caixinha e meia (300 gramas no total) de creme de leite. Mistura tudo e emprega!
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O mestre dos gênios (Genius, no original, de 2016) - e a inconsciência de si mesmo, do escritor Thomas Wolfe
Assisti a este filme recentemente, num dos canais pagos da Net. É o primeiro trabalho cinematográfico dirigido pelo diretor de teatro britânico, Michael Grandage, e aborda a relação do escritor estadunidense Thomas (ou Tom) Wolfe (1900-1938), com o editor Max Perkins.
Perkins foi o descobridor dos principais talentos literários estadunidenses, aparecidos no início do século passado. Francis Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, por exemplos, foram descobertos por ele e publicavam as suas obras na editora Scribner's, em que Max Perkins trabalhava. Thomas Wolfe, que entrou na Scribner's depois desses escritores, era movido por uma obsessão pelo ato de escrever, ação que ele executava de pé, usando a geladeira como mesa. As páginas escritas pareciam brotar vertiginosamente dos dedos dele, motivo de Max Perkins ter se visto obrigado a – de certo modo – domesticar o talento selvagem do escritor. Foi Perkins que levou Thomas Wolfe a trabalhar em seus textos, a fim de cortar os floreios e as infindáveis análises e descrições, que os tornavam excessivamente extensos. Inicialmente Wolfe aceitou essa exigência com boa vontade, uma vez que os livros publicados pela Scribner's se tornaram grandes sucessos. Posteriormente isso virou motivo de discórdia entre os dois homens, porque o escritor sentia-se podado e também porque surgira a suposição, no meio literário, de que Max Perkins é que era a verdadeira causa do sucesso de Thomas Wolfe.
Eu ainda não li nada deste escritor (a título de curiosidade, registro que li o A fogueira das vaidades, best seller dos anos 80, escrito por outro Tom Wolfe, que é nosso contemporâneo e jornalista). Mas sempre interessei-me pelo 'primeiro' Tom Wolfe, por causa da lendária fama deixada por ele, de ter sido um artista da palavra, cujas obras - ele escreveu romances, contos, novelas, peças de teatro, etc. - seriam marcadas por um estilo muito original, poético, musical e até impressionista, e também de haver influenciado toda a geração beat e gente como Ray Bradbury e Philip Roth.
Perkins foi o descobridor dos principais talentos literários estadunidenses, aparecidos no início do século passado. Francis Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, por exemplos, foram descobertos por ele e publicavam as suas obras na editora Scribner's, em que Max Perkins trabalhava. Thomas Wolfe, que entrou na Scribner's depois desses escritores, era movido por uma obsessão pelo ato de escrever, ação que ele executava de pé, usando a geladeira como mesa. As páginas escritas pareciam brotar vertiginosamente dos dedos dele, motivo de Max Perkins ter se visto obrigado a – de certo modo – domesticar o talento selvagem do escritor. Foi Perkins que levou Thomas Wolfe a trabalhar em seus textos, a fim de cortar os floreios e as infindáveis análises e descrições, que os tornavam excessivamente extensos. Inicialmente Wolfe aceitou essa exigência com boa vontade, uma vez que os livros publicados pela Scribner's se tornaram grandes sucessos. Posteriormente isso virou motivo de discórdia entre os dois homens, porque o escritor sentia-se podado e também porque surgira a suposição, no meio literário, de que Max Perkins é que era a verdadeira causa do sucesso de Thomas Wolfe.
Eu ainda não li nada deste escritor (a título de curiosidade, registro que li o A fogueira das vaidades, best seller dos anos 80, escrito por outro Tom Wolfe, que é nosso contemporâneo e jornalista). Mas sempre interessei-me pelo 'primeiro' Tom Wolfe, por causa da lendária fama deixada por ele, de ter sido um artista da palavra, cujas obras - ele escreveu romances, contos, novelas, peças de teatro, etc. - seriam marcadas por um estilo muito original, poético, musical e até impressionista, e também de haver influenciado toda a geração beat e gente como Ray Bradbury e Philip Roth.
Eu achei o filme interessante, não só por
mostrar a personalidade impetuosa de Wolfe e o seu talento frenético, mas também, e
principalmente, pelo tanto que se percebe que o escritor era desconhecido de si
mesmo. Outra curiosidade sobre este filme é que – à exceção da atriz Laura Linney
(que faz a esposa de Perkins) – os atores não são norte-americanos.
Max Perkins, o editor que ousou
publicar os livros de Thomas Wolfe, depois de o escritor ter tido as suas obras
rejeitadas por muitos outros editores, por causa da prolixidade
do autor, que produzia trabalhos volumosos, que podiam alcançar até cinco mil páginas, teve que - permanentemente - negociar com Wolfe o corte de palavras e frases de seu texto.
Então temos nesta obra dois homens que nos parecem ter sido a antítese perfeita um do outro: Wolfe visceral mundano e estranhamente superficial e Perkins sensato, comedido, voltado para a família (apesar de passar longas horas longe dela, devido ao trabalho) e possuidor de uma sabedoria que faltava absolutamente ao escritor.
Então temos nesta obra dois homens que nos parecem ter sido a antítese perfeita um do outro: Wolfe visceral mundano e estranhamente superficial e Perkins sensato, comedido, voltado para a família (apesar de passar longas horas longe dela, devido ao trabalho) e possuidor de uma sabedoria que faltava absolutamente ao escritor.
11 comentários:
ah, tb falei do filme mestre dos gênios, que legal. vou ler em detalhes. que linda a primeira foto. amo chocolate. nossa, não conheço nenhuma dessas palavras para derreter chocolate. sim, sei que para derreter chocolate precisa cuidado e atenção. mas fora isso não sei muito não. ah, tb não li nada do thomas wolfe e nem a biografia do max perkins q soube que a intrínseca publicou. eu amei os embates filosóficos e profissionais dos dois gênios. é muito bom ouvir discursos, ouvir frases, uma aula. adorei sua resenha. beijos, pedrita
mt bonito o teu post gostei mt bjs
Oi Marly, que bom vê-la postando! E como sempre imagens lindas e inspiradoras para a Páscoa, faz tempo que não faço chocolates mas aprendi dessa forma que vc ensina, o resto não adianta que não funciona de forma a ter um bom resultado. Às vezes vemos vídeos tirando derretendo o chocolate e já enformando (até em formas de gelo normal) e fica belezinha...Engane-se e perca dinheiro quem quer!
Assisti esse filme, adorei, sem contar que tem o Colin Firth que amo com paixão!
Abraço!
Olá Marly: tenho temperado o chocolate ( por cá penso que ainda é assim que se diz) usando o micro-ondas e depois acrescentando o restante chocolate. Adorei estas forminhas forradas com chocolate e lindamente decoradas.
Quanto ao filme, ainda não vi, mas gosto imenso destes atores. Também nunca li nada de Thomas Wolfe.
Bjn
Márcia
Lindas as forminhas de chocolate recheadas.
Bom fim de semana
bjs
Querida Marly, muito obrigada pelo seu gentil comentário. Há imenso tempo que não falávamos e vejo que o seu blog sofreu um notável upgrade. Apetece ler, ficar e passear por aqui. É o que farei.
Um grande beijinho da Nina
Oi, Marly!
Também não tenho postado tanto quanto gostaria. A minha vida deu uma reviravolta de 360º e ainda estou tentando voltar para o eixo. Mas cá estou sempre que consigo!
Como sempre nos dá uma aula e venho sempre para aprender.
Assisti ‘O Mestre dos Gênios’ no cinema, assim que lançou. Entrei sem saber do que se tratava, pois foi uma escolha de momento. Escolhi por causa dos atores Colin Firth e Jude Law (rs*) e quando a sessão começou, fiquei admirada com a fotografia. A vida de Perkins foi tão interessante quanto a de qualquer um dos seus escritores, mas sem a fama que ele ajudou a conquistar. A máxima de que para alguém ser grande depende dos pequenos; Editores e simples leitores!
Boa semana!!
Beijus,
Cada mulher que nasce é mais uma estrela que brilha na terra e ilumina o caminho da vida. Embora sendo homem nada me impede de homenagear poeticamente esse ser humano ímpar.
A sua publicação - Iguarias doces - é maravilhosa.
.
* (Poetizando e Encantando) MULHER ... O Equilíbrio da Vida *
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Votos de um dia feliz
Essas casquinhas de chocolate estão um espetáculo, Marly! Obrigada pela dica de filme... Abraço!
Muito boa a dica da pré-cristalização do chocolate.
Nesse caso são os chocolates puros né?
Aqueles chocolates fracionados não precisam desse preparo. É isso mesmo?
Amei seu blog e suas explicações de confeiteira.
Abraço.
AnaVi
filhadejose.blogspot.com
cartashoje.blogspot.com
Como eu n vi este post? Estas forminhas eu acho além de chic deliciosas. O filme ainda n vi,grata por partilhares! Muito obrigada pelo doce comentário lá no blog. Bom fim de semana amiga,beijinhos!
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