quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Biscoito de Casamento (número 2) e o livro O escafandro e a borboleta




Olá, minha gente! 
Para "variar", andei cozinhando muito, nos últimos dias e cheguei mesmo a fotografar alguns dos pratos feitos. Mas a falta de tempo e, principalmente, um certo desânimo me impediram de vir por cá atualizar este pobre blog, rsrs.

No entanto, recebi no Facebook, in box, um pedido de nova receita de biscoito de casamento. A pessoa referia-se aos antigos e tradicionais 'wedding cookies', que são os biscoitos geralmente passados em açúcar, como os das fotos deste post. Mas ela queria que os tais biscoitos fossem mais 'light' que os tradicionais, que geralmente levam muita manteiga, além de 'nuts' (nozes, castanhas, avelãs, etc.) na massa.

Eu havia feito novamente as bolachinhas de maracujá, cuja receita foi publicada aqui. E foi esta a receita que sugeri à minha solicitante do Facebook. Mas, observem que eu poderia ter sugerido qualquer dos biscoitos menos gordurosos, já mostrados aqui no blog. O cuidado que se deve ter é o de escolher um biscoito gostoso. Caso o biscoito seja especialmente doce, convém reduzir um pouco o açúcar da massa, uma vez que os 'wedding cookies' são rolados em açúcar, depois de assados. 


Nota: Se você, leitor, estiver interessado em receitas dos 'wedding cookies tradicionais', postei uma receita deles aqui. Porém, podemos considerar como tais, qualquer  biscoito amanteigado, que levarem 'nuts' na massa. 



 
O Escafandro e a borboleta 

 Ganhei este livro recentemente, mas vi o filme, baseado nele, na época em que foi lançado. Gostei muito desta obra, uma vez que sempre tive interesse em estórias de vidas que registram guinadas significativas, ao longo do seu curso. 

Sempre achei que é possível aprendermos muito, a partir das narrativas que dão conta de mudanças dramáticas, em vidas humanas. Os Provérbios nos dizem que: "Quem é fraco numa crise, é realmente fraco". Mas, convenhamos, há crises e crises, e algumas são de quase matar um, como foi o caso da crise enfrentada por Jean Dominique Bauby. 

Atenção, o texto abaixo contém revelações (spoilers) sobre o enredo do livro resenhado:

O Escafandro e a borboleta (no original: Le scaphandre et le papillon, de Jean-Dominique Bauby)

  

   

Jean Dominique Bauby, francês, nascido em 1952, jornalista, dois filhos, editor chefe da revista Elle. Habituado a certos privilégios e regalias.

Para o dia oito de dezembro de 1995 (uma sexta-feira), Bauby agendara um teste do novo modelo do automóvel da marca BMW. À hora marcada (no início da manhã), um motorista, enviado pela importadora, postara-se `a porta do edifício onde morava o jornalista, com o carro. O motorista leva Bauby ao trabalho dele. Os dois homens combinam de se encontrarem às quinze horas, depois de o jornalista desincumbir-se das demandas do dia. Um pouco depois da hora marcada, Bauby segue com o motorista para a casa de sua ex-mulher, a fim de apanhar o filho, que passaria o fim de semana em sua companhia. 

“A partir daí tudo se torna incoerente, a minha visão se turva, as minhas ideias se embaralham. Assim mesmo sento ao volante da BMW, concentrando-me nos clarões alaranjados do painel. Manobro em marcha lenta, e no feixe dos faróis, mal distingo as curvas que já fiz milhares de vezes. Sinto o suor perolar-me a testa e quando cruzamos com um carro, vejo-o em dobro. No primeiro cruzamento encosto no meio fio”. 

Naquele momento, Bauby estava a sofrer um acidente vascular cerebral que o deixaria mudo, cego de um olho, e totalmente imobilizado. A medicina chama esta condição de síndrome do encarceramento ('locked in syndrome’), que significa estar ‘trancado’ dentro de si mesmo pois, como aconteceu com Bauby, a mente e o espírito do paciente continuam funcionando, enquanto que todos os músculos do corpo paralisam, exceto os que controlam o movimento dos olhos e das pálpebras. Veio dessa situação o nome do livro O escafandro e a borboleta. Escafandro é vestimenta impermeável usada pelos mergulhadores, quando eles tencionam passar muitas horas debaixo da água (veja a foto abaixo).  E a alusão à borboleta se deve aos volteios feitos pela mente, que podia ‘voar’ livremente, a despeito da imobilidade do corpo. 

O olho poupado pelo mal tornou-se o elo que ligava o jornalista à vida. E foi com esse olho que ele ‘escreveu’ a obra. A partir das piscadelas feitas com o olho, Bauby forneceu à terapeuta  - que o auxiliou na empreitada – as letras, formadoras das palavras que resultaram no livro.

E o livro resultou poético, leve e bem humorado. Um testemunho a favor da vida e da liberdade. 


 escafandro (imagem encontrada na Internet) 


Nota: Bauby faleceu em nove de março de 1997, alguns dias depois da publicação deste livro. 

Nota 2: A estória de Bauby lembrou-me muito a da brasileira Luciana Scotti, cujo livro "Sem asas ao amanhecer", eu li anos atrás. Luciana sofreu também um AVC, aos 22 anos, tornando-se muda e paralisada como o jornalista. Tempos depois ela recuperou o movimento de um dos dedos.

  

6 comentários:

Patricia Merella disse...

Olá querida Marly! No casamento de minha mãe,tinha tantos biscoitos.Gosto de ver as fotos.Preciso ver este filme é do estilo que aprecio.Tudo lindo como sempre,beijinhos

Prata da casa disse...

Adoro estes biscoitos, embora por cá, não sejam costume nos casamentos. Tenho algumas das tuas receitas guardadas e algumas já experimentadas e são mesmo deliciosos.
Bjn
Márcia

Luciana F. Damiano disse...

Não me lembro de já ter comido esses biscoitos.
Parecem deliciosos!
Também não conhecia esse livro....

bjs

Pedrita disse...

eu não consegui ver o filme adaptado do livro. não sei se teria coragem de ler o livro. amo fotos de mesas de chá. q linda a montagem, o jogo de prata, as flores os biscoitos. amo imagens assim. ah, biscoito de casamento. que interessante. biscoitos lembram minha avó que adorava fazê-los. olha, vou ver se acho as receitas da minha avó. estou com as receitas da família aqui. lembro q não eram muito gordurosos nem muito doces. vou procurar e te passo. beijos, pedrita

Dalva Rodrigues disse...

Oi Marly, que postagem interessante!! A vida é tão efêmera...sonhos de casamento, festas, filhos, tempo, um instante e tudo muda...mas ainda podemos ser somente nós mesmos dentro de um escafandro tentando seguir as borboletas...sermos borboletas...livres.
Adorei, beijos!

Sandra disse...

Os biscoitos devem ser saborosos! A apresentacao dos mesmos ficou linda! Tudo de bom

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