domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa de 2020 e ainda ... mais algumas coisas sobre o feminismo


coloquei esta flor grande em cima do bolo-ovo apenas porque ela é uma vela; as florezinhas e borboletas são comestíveis.


quis fazer as bolachinhas de polenta (ou fubá, como foi dessa vez) com um aspecto pascal, mas não obtive muito sucesso porque elas crescem muito, quando assam, e isso deforma o desenho 'impresso' 


ovos já comprados decorados

E aí, amigos, como foi a Páscoa de vocês?

Aqui não foi lá essas coisas, por causa do confinamento. Ainda assim, eu tratei de me lembrar dos significados mais profundos desse evento, que nos diz tanto sobre renovação da fé e da esperança, que é coisa muito importante, especialmente na atual circunstância, que parece até pré-apocalíptica.


Eu fiz - de novo - potes para acondicionar ovinhos e outras guloseimas, que é um artesanato muito fácil de fazer e já mostrado aqui no blog. Basta colar um coelhinho de plástico na tampa de um pote limpo e enchê-lo de docinhos. 


Desde fevereiro eu estava querendo fazer um bolo em formato de ovo (aqui, no blog, em 2012 - já apareceram - pioneiramente, na web! - bolos clássicos - com massa, recheio e cobertura - em formato de ovos de Páscoa. 

Neste ano eu quis fazer algo diferente, então saiu o 'bolo' da foto acima, que seria um bolo de palha italiana, mas que pode ser também um ovo de Páscoa com recheio de  palha italiana, rsrs.   

E fiz hoje - num improviso de última hora - um bacalhau no leite de coco, que eu não consegui fotografar. 



O texto abaixo, sobre o feminismo - era um complemento do primeiro texto sobre o tema que publiquei um tempo atrás. Ele ficou como 'post em rascunho' e eu hoje resolvi publicá-lo. 


Desde que irrompeu no mundo a crise político-econômica, em decorrência da crise financeira de 2008, que reverberou no Brasil a partir de 2012, passou a ser comum o aparecimento de mulheres que gritam que odeiam o feminismo e não se identificam com ele. E se proclamam ‘femininas’, e não feministas.

Hoje vemos claramente que essa atitude foi imposta a essas mulheres por grupos que têm interesse na causa, ou seja, grupos que, sobretudo devido à revolução tecnológica, em curso desde os anos 80 (mas muito mais efetiva dos anos 90 a 2000), somada à crise econômica que  resultou - em todo o mundo - na atual crise de empregos, desejam que as mulheres voltem à condição de dependentes econômicas. O motivo disso é que, aparentemente, em muitos países, não haverá – a curto prazo, pelo menos – empregos sequer para os homens, que dirá para mulheres.

 No entanto, a possibilidade de manipular as circunstâncias de vida das mulheres despertou em alguns homens um forte desejo de que elas voltem a ser – não apenas dependentes – mas subalternas e também – e principalmente – de que os valores delas voltem a ser definidos por eles. 

Aqui eu tenho que abrir um parênteses para esclarecer – mais uma vez – que o verdadeiro feminismo não objetiva, de modo algum, jogar as mulheres contra os homens e colocá-los em lados opostos.

Os homens são os nossos parceiros de vida, são os nossos parceiros amorosos... e são pessoas que têm peculiaridades importantes e preciosas. Uma mulher inteligente jamais irá se colocar gratuitamente como adversária dos homens. Por que deveria? 
Tampouco se colocará como uma criatura brava, sempre pronta a exigir coisas deles ... qual seria o sentido disso? 

Os, homens, aliás, um dia são crianças, nossos filhos, cabendo a nós educá-los para um mundo mais justo, em que eles também possam expressar a própria vulnerabilidade, e viver uma vida mais leve e feliz.


   (imagem da Internet)
                                                 
Então, o que vem a ser o feminismo?

É pura e simplesmente o reconhecimento de que homens e mulheres são seres dotados da mesma dignidade e, portanto, com direitos iguais, naquilo que é cabível.

Durante muito tempo os homens definiram não apenas as mulheres, mas as circunstâncias todas, que diziam respeito a elas. E, acreditem, não foi um tempo favorável a nós. Estivemos, por séculos, afastadas da maioria absoluta dos direitos dos quais desfrutamos hoje, como, por exemplo, o direito à educação, à propriedade e ao voto.

 (Elizabeth Cady Stanton)

Em 1848, numa convenção realizada na cidade de Seneca Falls, Nova York (foi a primeira convenção para tratar dos direitos das mulheres), a  norte americana Elizabeth Cady Stanton (foto acima) fez a seguinte declaração:

“A história da humanidade é uma história de ferimentos e usurpações repetidas, por parte do homem, com relação à mulher, tendo como objetivo direto o estabelecimento de uma tirania absoluta sobre ela”.  

Declaração tensa, né? Pois um ligeiro exame na história nos revela que  - infelizmente - a coisa foi assim mesmo.

Tendo dito a frase acima, Elizabeth Cady Stanton enumerou as ações, amparadas em costumes e leis, que visavam impedir que as mulheres gozassem de autonomia e de liberdade (citarei só algumas):
  1. ·     As mulheres casadas não existiam perante as leis (todos os direitos delas, por assim dizer, recaiam sobre o marido).
  2. ·    As mulheres não eram autorizadas a votar
  3. ·   Os maridos tinham poder legal e total responsabilidade por suas esposas (podiam, inclusive, aprisioná-las ou espancá-las ... impunemente).
  4. ·    As leis de divórcio e guarda dos filhos favoreciam apenas aos homens (eles é que podiam pedir o divórcio, e a guarda dos filhos era direito exclusivo deles)
  5. ·   A maioria das ocupações - fora do lar - estava fechada para as mulheres e, quando as mulheres executavam serviços não domésticos, recebiam apenas uma fração do que os homens ganhavam.
  6. ·     Não era  permitido às mulheres ingressar em profissões como medicina ou direito
  7. ·     As mulheres não tinham meios de obter educação plena, uma vez que nenhuma faculdade ou universidade aceitava mulheres estudantes
É importante lembrar que nenhum dos direitos femininos foi dado às mulheres espontaneamente. Todos exigiram lutas. A própria Elizabeth Cady Stanton, foi execrada, exposta e ridicularizada, antes de ser, finalmente, levada à sério.

E o argumento de que não precisamos MAIS do feminismo porque já conquistamos o que queríamos, e chegamos aos mesmos patamares dos homens NÃO se sustenta. Primeiramente, porque as atuais estatísticas de abusos e violências contra as mulheres nos dizem que ainda estamos longe de alcançar uma situação que seja pelo menos tolerável, para as mulheres. 
E o fato de haver surgido - recentemente - um movimento (coordenado por homens, naturalmente) que visa desacreditar o feminismo e afastar as mulheres dele, é bastante significativo, sobre a necessidade que ainda temos desse movimento.  

É isso aí, até breve!


15 comentários:

Pedrita disse...

nossa, como tudo ficou lindo. q capricho. q talento. eu já tenho passado sozinha desde 2015. foi igual. desqualificar o feminismo é uma forma de desqualificar o direito da mulher. beijos, pedrita

Patricia Merella disse...

Ficou linda a tua Páscoa e tenho certeza deliciosa. Bacalhau com leite de cocô nunca comi. Este bolo ( ovo) está um charme. Estas flores e borboletas deram um toque Primaveril, amei. Concordo contigo,estamos longe de alcançar uma situação que seja pelo menos tolerável, para as mulheres. Vamos continuar lutando. Boa semana amiga! Beijinhos

Dalva Rodrigues disse...

Texto maravilhoso e necessário, Marly, parabéns!
Muitas mulheres deixam entrar goela abaixo conceitos prontos, não se questionam, não tem interesse em se aprofundar na História, é coisa de vadia e ponto final...Igual certas escolhas em candidatos, acreditam na perfeição e cegos defendem até o fim, não importa a asneira que faça.

Lindeza suas decorações e doces de Páscoa, que bom gosto!
Abração, amiga!

Heloisa disse...

Marly,
Que coisa mais linda esse seu apanhado da Páscoa. O bolo ovo ficou incrível.
Nesse ano a comemoração da Páscoa foi bem diferente. Manteve-se a esperança da passagem, da mudança para dias melhores.
Seu texto sobre o feminismo é perfeito. Como sempre. você é muito precisa.
Beijos.

Yolanda Santos disse...

Oi querida amiga, belo e necessário texto, sempre haverá luta de nós mulheres, sempre, a humanidade "evoluiu" em tecnologia, mas o ser humano carece de princípios e grandeza de espírito. Bjs e Felicidades!

Prata da casa disse...

Olá Marly: uma mesa linda muito bem decorada. O bolo/ovo está um charme!
Quanto ao texto é sempre bom lembrar sobre o feminismo e tu fazes isso várias vezes. Pela minha parte ,acho que fazes muito bem!
Bjn
Márcia

A Paixão da Isa disse...

linda mesa com coisa lindas como tu sabes fazer as tuas mesas elas sao sempre lindas amiga desejo te a ti e oas teus uma semana feliz nos posiveis com mta saude bjs

Vanessa disse...

Olá!
Gostei demais da sua mesa de páscoa, apesar de eu não comemorar eu como muito chocolate nessa época.
Amei seu bolo e a sua decoração ficou linda demais. Quero aprender algumas coisas assim, nessa quarentena estou me aventurando um pouco mais na cozinha.
Beijocas.

https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

Adelaide Araçai disse...

Adorei sua mesa de Páscoa, aqui a algum tempo nos separamos da simbologia do ovo e do chocolate, nessa Páscoa assistimos a missa do Papa Francisco pela Rai TV, e fizemos um almoço vegan mais decorado.
Sobre seu texto tão necessario gosto sempre de lembrar Simone de Beauvoir - Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados.

Muita Luz e Paz!
Abraços

Chris Ferreira disse...

OI Marli,
ficou tudo lindo. Esse bolo em formato de ovo ficou maravilhoso. Fiquei com vontade de comer as bolachinhas de polenta.
Não entendo essa linha de desmerecer o feminismo. Realmente não consigo alcançar algum motivo para isso, algum benefício feminino nesse tipo de discurso.
beijos
Chris


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Jovem Jornalista disse...

A minha Páscoa foi sensacional. Uma das melhores que já tive. Apesar da quarentena, foi ótimo reunir os familiares mais chegados.

Bom fim de semana!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

D disse...

Que ovo lindo.. adorei a ideia.. parabéns pelo blog

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de domingo, querida amiga Marly!
Fui bem sim de páscoa e dentro das possibilidades a que estamos submetidos no Confinamento Solidário que aderimos com prazer.
Seu bolo ficou lindo. Na pavoa, comi palha italiana também. Adoramos por aqui, cultura capixaba descendente.
Muito bom ser feminina e o masculino tem seu valor igualmente na sociedade.
Tenha dias abençoados na nova semana!
Bjm carinhoso e fraterno

Chris Ferreira disse...

Oi Marly, passei por aqui para saber as novidades.
Um ótimo domingo para você.
beijos
Chris


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Isa Sá disse...

Este ano nem me lembrei da Páscoa.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

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